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quinta-feira, 11 de setembro de 2025

Fux absolve Bolsonaro e pede anulação de julgamento

BRASÍLIA (Reuters) – O ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Fux votou nesta quarta-feira pela absolvição do ex-presidente Jair Bolsonaro de uma suposta tentativa de golpe e pela anulação de seu julgamento sobre jurisdição, rompendo com colegas e aumentando as chances de um recurso de um veredicto nesta semana.

O tribunal superior ainda parece provável que condene Bolsonaro por planejar um golpe para permanecer no poder depois que ele foi afastado do cargo em 2022. Dois juízes do painel de cinco juízes já votaram pela condenação, e os dois restantes foram nomeados pelo presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva, que derrotou Bolsonaro nas eleições de 2022.

Mas o voto de Fux pode reforçar o argumento da defesa de Bolsonaro de que o caso deve ser decidido pelo plenário do tribunal superior de 11 juízes, incluindo dois que foram nomeados pelo ex-presidente.

A divergência no tribunal aumenta a tensão a um caso que já polarizou a nação e atraiu milhares de apoiadores de Bolsonaro às ruas em protesto.

Um longo processo de apelação também aproximaria os procedimentos da campanha presidencial de 2026, na qual Bolsonaro diz que será candidato. O ex-presidente foi impedido de concorrer ao cargo em um caso separado por espalhar alegações infundadas sobre o sistema de votação eletrônica do Brasil.

Ainda assim, os réus normalmente só têm direito a um tipo de recurso que pode ser útil para Bolsonaro quando as decisões não são unânimes e mais de um dos cinco juízes discorda, disse Guilherme Madeira, professor de direito da Universidade de São Paulo.

Fux votou na quarta-feira para absolver Bolsonaro de todos os crimes pelos quais Bolsonaro foi acusado pelo gabinete do Procurador-Geral da República.

“Houve surpresa com a amplitude da dissidência, que foi além das questões processuais e questionou a própria existência dos supostos crimes”, disse Madeira.

O ex-presidente é acusado de participar de uma organização criminosa armada, tentar abolir violentamente a democracia, organizar um golpe de Estado e danificar propriedades do governo e bens culturais protegidos.

Item 1 de 3 O ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Fux participa de uma sessão durante a fase final do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, sob a acusação de planejar um golpe para derrubar as eleições de 2022, em Brasília, Brasil, em 10 de setembro de 2025.

O ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Fux participa de uma sessão durante a fase final do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, sob a acusação de planejar um golpe para derrubar as eleições de 2022, em Brasília, Brasil, em 10 de setembro de 2025.

As acusações estão ligadas à suposta incitação de Bolsonaro a tumultos em janeiro de 2023, quando milhares de seus apoiadores invadiram e saquearam o Congresso, o palácio presidencial e o Supremo Tribunal Federal em Brasília.

Seus advogados mantiveram sua inocência em todas as acusações e argumentaram que seu julgamento envolveu vários erros processuais.

“Não tivemos acesso às evidências e muito menos tivemos tempo suficiente para analisá-las”, disse Celso Vilardi, advogado do ex-presidente, ao tribunal na semana passada.

O juiz concordou na quarta-feira com vários dos argumentos da defesa. Em seu voto durante as deliberações finais do julgamento, Fux disse que o caso deveria ter sido ouvido por tribunais inferiores porque Bolsonaro havia deixado o cargo.

“Eu voto … que a Suprema Corte não tem jurisdição para julgar este caso porque os réus já haviam perdido suas posições (políticas)”, disse Fux.

Uma vez envolvido, acrescentou, a Suprema Corte deveria ter lidado com o julgamento, e não o painel de cinco juízes.

Fux também disse que a defesa não teve tempo suficiente para preparar seu caso, observando que a investigação gerou cerca de 70 terabytes de documentos, o que ele chamou de “tsunami de dados”.

“Não sou especialista nessa área, mas o volume chegou a 70 terabytes – não pude acreditar, porque são bilhões de páginas. No entanto, foi apenas em 30 de abril de 2025 que foi emitida uma decisão concedendo acesso à mídia e aos materiais apreendidos durante a fase de investigação”, disse ele.

O ministro foi nomeado para o tribunal pela ex-presidente Dilma Rousseff, aliada próxima de Lula e sucessora escolhida quando ele terminou seu segundo mandato em 2010.

Fux ainda tem que votar em outros réus antes que a juíza Carmen Lucia comece seu voto.

REUTERS/Adriano Machado

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