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sexta-feira, 19 de setembro de 2025

Após seis anos sem escolta Odilon Oliveira entra na Justiça por proteção

Dizendo-se jurado de morte, o juiz federal aposentado Odilon Oliveira reclama que, depois de aposentado, foi abandonado à própria sorte e sente-se como jogado no lixo depois de trabalhar a vida inteira pelo Brasil. ‘O juiz fica fragilizado, à disposição da criminalidade que combateu a vida inteira’, lamentou Odilon.

Conhecido pela atuação contra o crime organizado na fronteira do Brasil com o Paraguai, o juiz perdeu o direito à escolta policial após 20 anos de proteção. Ele foi responsável por prisões de chefes do tráfico, entre eles Fernandinho Beira-Mar, e jurado de morte por facções criminosas, tendo vivido sob segurança permanente desde 1998, quando tinha proteção 24 horas por dia, enquanto estava na ativa. Essa proteção foi suspensa em fevereiro de 2019, um ano e meio depois da sua aposentadoria. Ao conceder entrevista à Globonews Mais nesta quinta-feira (18), ele disse que, desde então “tem implorado ao Conselho Nacional de Justiça” por segurança.

“A gente trabalha a vida inteira nesse Brasil. Renuncia à liberdade, renuncia à vida, e a família fica presa dentro de casa. Quando se aposenta, o Brasil joga o juiz no lixo, como se fosse uma bucha de laranja. E ele fica fragilizado, à disposição da criminalidade que combateu a vida inteira”, disse o juiz aposentado.

Segundo Oliveira, ele entrou na Justiça para ter direito à escolta pelo menos três vezes por semana, no máximo 6 horas por dia, para fazer atividades externas, mas ainda não conseguiu garantir a segurança. “Juntei cerca de 3kg de documentos que provavam ameaças, planos de morte e um atentado que sofri em Ponta Porã”.

Nesta segunda-feira, o ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo Ruy Ferraz Fontes foi executado. Foi o terceiro assassinato de servidores públicos que atuaram diretamente no combate ao crime organizado nos últimos 22 anos no estado. Além do policial, um juiz e um ex-diretor de presídio também foram mortos em atentados.

O juiz Odilon construiu sua carreira na região de Ponta Porã (MS), região de fronteira seca com o Paraguai, e ganhou projeção nacional ao enfrentar o narcotráfico em uma das áreas mais vulneráveis à atuação de facções. Durante esse período, foi alvo de ameaças e planos de execução.

Ao menos dois projetos de lei preveem proteção para servidores que combatem o crime organizado. Um deles é o PL Antimáfia, que inclui proteção também depois da aposentadoria. O outro é o PL 1307/2023, que prevê escolta pessoal para profissionais que combatem o crime organizado em região de fronteira.

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