Empresário alvo de operação do MPSP divide helicóptero com sócio de Vinícius Gritzbach, o delator do PCC assassinado no fim de 2024
Principal alvo da Operação Spare da última quinta-feira (25/9), Flávio Silvério Siqueira, o Flavinho, divide a sociedade de um helicóptero, avaliado em até R$ 35 milhões — de US$ 2 milhões a US$ 7 milhões, segundo sites especializados —, com um empresário ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC).
Flavinho é investigado pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Publico de São Paulo (MPSP), por chefiar uma rede de venda de combustíveis adulterados e de lavagem de dinheiro, envolvendo motéis e casas de jogos de azar.

Ele é dono de metade de uma aeronave (modelo EC 130 B4) por meio da FSS Apoio Administrativo Ltda. A empresa está em nome da Krug Consultoria e Assessoria Ltda, cujo sócio e representante legal é o próprio Flavinho.
A outra metade do helicóptero, da marca Eurocopter France, pertence a José Carlos Gonçalves, conhecido como Alemão. Ele foi sócio de Antônio Vinícius Gritzbach, delator do PCC, assassinado em novembro de 2024. O nome de Alemão também aparece em outras investigações de atividades ilícitas, como a operação carbono oculto.
Em nota ao Metrópoles, a defesa de Flávio Silvério Siqueira disse que o “o compartilhamento de aeronave com José Carlos Gonçalves foi realizado antes de qualquer acusação contra o mesmo — processo posteriormente anulado”.
Conexão com a Carbono Oculto e o PCC
José Carlos Gonçalves é um dos elos que liga a Operação Spare à Operação Carbono Oculto, deflagrada no final de agosto deste ano. Além de sócio de Flavinho no helicóptero, ele seria uma pessoa chave no esquema operado por Mohamad Hussein Mourad, que também comercializava combustível fraudado.

De acordo com os autos da primeira operação, o Alemão era central no desvio de materiais ilícitos devido aos seus “sólidos vínculos com atividades ilícitas, especialmente lavagem de capitais e ligações com organizações criminosas”.
As operações ainda se conectam por meio da BK Bank, instituição financeira que seria usada por diferentes núcleos para ocultar e lavar dinheiro proveniente de atividades ilícitas.
Sobre a relação com o crime organizado, o MPSP levantou suspeita sobre depósitos em dinheiro realizados na fintech. Segundo os promotores envolvidos nas investigações, a prática, comum aos dois esquemas criminosos, pode indicar conexão com o crime organizado.
Casa de Flavinho era frequentada por líderes do PCC
Os promotores do Gaeco também apontaram que a casa de Flavinho já foi frequentada por importantes integrantes do PCC, como Wagner Ferreira da Silva, o Cabelo Duro; e Rafael Maeda Pires, o Japa.
Cabelo Duro foi morto em fevereiro de 2018, em uma emboscada que teria sido armada pelo líder histórico do PCC Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue. Japa foi enforcado, em 2022, enquanto a facção caçava os responsáveis por libertar Vinícius Gritzbach de um tribunal do crime, realizado naquele ano.
A casa de Flávio Silvério, usada para receber Cabelo Duro e Japa, localizada em Itu, no interior de São Paulo, foi vendida em 2018. O imóvel foi avaliado em R$ 4 milhões.
O que diz Flavinho
Em nota, a defesa de Flávio Silvério Siqueira disse que ele ”jamais integrou ou colaborou com qualquer facção criminosa. Em processo anterior, foi absolvido por inexistência de provas”.
Em relação à casa onde recebeu lideranças do PCC, a defesa disse que o imóvel “nunca pertenceu” a Flávio. “Ela era apenas
locada para a realização de eventos e alguns deles foram realizados
pela empresa denominada FWN Produções e Eventos Ltda, que na
época pertencia aos Senhores Wagner Ferreira da Silva e Rafael
Maeda Pires, que prestavam serviços inclusive para grandes
personalidades do nosso País”.
Além disso, ele “jamais manteve relação ilícita com tais pessoas. Na época nem mesmo as autoridades tinham conhecimento de envolvimento criminoso dos citados”.
Por fim, sobre as investigações atuais do MPSP, a defesa alega que “Flávio encerrou suas atividades no ramo de combustíveis em
2008, sem qualquer condenação. Desde então, atua no setor de motéis, sempre de forma regular. Nunca utilizou “laranjas” ou ocultou patrimônio”.
Ele diz nunca ter mantido negócios com a BK Bank e afirma que “apesar de sempre ter se colocado à disposição do Ministério Público e da Justiça através de petições apresentadas nos anos de 2024 e 2025, ainda sim foi alvo de buscas arbitrárias que nada encontraram de ilícito”.
Fonte: Metrópoles